“Você só vê jogadoras se despedindo, mas não vê jovens com potencial para substituí-las”, afirmou a única brasileira no Hall da Fama.
Mas a passagem de Hortência por São José dos Pinhais, no final dos anos 90, pode resultar em alguns talentos para compor a seleção principal daqui a alguns anos.
Na época, a ex-ala coordenou o Paraná Basquete Clube, campeão brasileiro em 2000. O time já não existe mais, porém as escolinhas criadas à época como parte do projeto da jogadora no estado revelaram duas atletas que estão nas categorias de base da seleção nacional.
As alas Ana Jéssica Pinto, 16 anos, e Natália Stéphanie Leme Saar, 14 anos, começaram 2009 com sua segunda convocação. Ano passado, estiveram juntas na disputa do Sul-Americano sub-15, no Equador. Foram vice-campeãs, perderam a final para a Argentina. Este ano, Ana Jéssica disputa a Copa América no México pela equipe sub-16, entre 10 e 14 de junho. Natália continua na sub-15 e representa novamente o país no Sul-Americano, no Equador, na primeira quinzena de novembro.
As duas nem eram nascidas quando a célebre cena do presidente cubano Fidel Castro entregando pessoamente as medalhas de ouro a Hortência, Janeth, Magic Paula e companhia marcou os êxitos de uma geração vencedora do basquete feminino brasileiro. Mas é aquela equipe, que venceu as donas da casa na final do Pan de Havana, em 1991, que as paranaenses têm como referência.
Além de ídolo, Hortência também já serviu de conselheira de Ana Jéssica, que no início deste ano trocou a quadra do ginásio Ney Braga, em São José dos Pinhais, pela do Finasa, em Osasco (SP).
“No jantar de final de ano da Federação Paranaense de Basquete (FPRB), ela (Hortência) me falou que era hora de tentar um clube no interior de São Paulo”, conta a ala de 1,77 m, que, aos 10 anos, trocou os golpes de caratê às vésperas de fazer exame para a faixa preta para dedicar-se ao basquete.
Natália, 1,72 m, também apostou na carreira no interior paulista. Passou 40 dias em Osasco, mas a saudade de casa e da família a fizeram voltar.
“Não me arrependo. Foi uma tentativa. Mais para frente, devo tentar de novo”, conta a ala, reserva de Ana no Sul-Americano de 2008. “Foi muito bom ter alguém que eu já conhecia. Facilitou o entrosamento com o resto da equipe.”
Novos desafios
Enquanto Ana começou, há seis anos jogando como pivô e hoje treina para especializar-se na mesma posição de Hortência – “preciso melhorar meus arremessos”, diz –, Natália quer trocar as laterais pela função de armadora. “É uma posição mais difícil, tenho de aprender a pensar por mim e por todo o time”, avalia a garota, que há dois anos entrou pela primeira vez numa quadra de basquete, por recomendação do professor de Educação Física da escola.
“Eu era muito ‘briguenta’. Gostei do basquete por ter contato físico. Sosseguei, não briguei mais”, relembra.
Além das origens no basquete, Ana e Natália têm ainda em comum o orgulho pelas convocações para defender a seleção. Dizem-se mais maduras este ano.
“Ano passado, a experiência foi muito boa. Vi como é o estilo de jogo dos outros países. As equipes sul-americanas, fora o Brasil, têm baixa estatura, buscam pontuar mais de fora do garrafão. Também assistimos a seleção adulta dos Estados Unidos, para ver o que vamos enfrentar na Copa América. São muito rápidas”, fala.
Já Natália aposta que o time brasileiro volta com o ouro.
“O problema é que a gente vai, joga, tem bom resultado e ninguém fora nossa família fica sabendo. Tanto leigos quanto gente de dentro do basquete fixa o foco só no profissional e não vê que tem gente boa por aí que pode estourar logo, logo. Isso acontece não só no basquete, mas em todos os esportes”, desabafa.
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